Destaques Arquivo MPR #09
«A maior dor humana», poema de Camilo Castelo Branco para Teófilo Braga.
Não são só discursos, cartas, fotografias ou apontamentos pessoais que integram o Arquivo dos Presidentes – MPR. Nele, também encontramos documentos inesperados, como este poema de Camilo Castelo Branco, escrito a 27 de junho de 1887, e intitulado «A maior dor humana».
Meses antes, a 18 de março, falecia Maria da Graça, filha de Teófilo Braga e de Maria do Carmo Xavier de Oliveira Barros. Aos 16 anos, foi vítima da tuberculose, tal como o seu irmão, Teófilo Xavier, falecido no ano anterior, a 3 de dezembro de 1886, com apenas 13 anos.
Em pouco mais de 3 meses, Teófilo Braga via, assim, partir os seus dois descendentes: «Estamos agora sem filhos! Não fazes ideia do que esta frase significa», escreveria à sua irmã, Maria José.
A fatalidade que assolou a vida do futuro Presidente da República e de sua mulher gerou uma onda de comoção.
Além das dezenas de cartas de condolências, Teófilo Braga, homem das letras e dos livros, recebeu outros tantos poemas.
Camilo Castelo Branco foi autor de um deles. Nos versos de «A maior dor humana», escreveu: «Ao teu abysmo, pai, não vão confortos / És coração que a dor empederniu».
Em 1889, este mesmo texto daria nome e integraria uma coletânea de poemas organizada por João de Deus e oferecida a Teófilo Braga e à sua mulher. A Camilo Castelo Branco juntar-se-iam na homenagem, entre outros, Bulhão Pato, Maria Amália Vaz de Carvalho, Henrique Lopes de Mendonça, Pinheiro Chagas e Guerra Junqueiro.
* Os documentos originais integram o acervo da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.