Destaques Arquivo MPR #14
Postais do exílio.
A 10 de dezembro de 1925, Manuel Teixeira Gomes renunciava ao cargo de Presidente da República.
Dois dias depois, deixava Portugal a bordo do cargueiro holandês Zeus. Durante 6 anos, percorreu países como a França, Itália, Holanda, Marrocos e Tunísia, até chegar a Bougie (atual Bejaia), na Argélia, a 5 de setembro de 1931.
Foi nesta cidade do litoral argelino, a cerca de 250 km da capital, que Teixeira Gomes acabou por residir durante 10 anos (até à sua morte, a 18 de outubro de 1941), habitando o quarto n.º 13 do Hotel de l’Étoile, propriedade do casal Berg.
Pai de Ana Rosa e de Maria Manuela, o exílio a que voluntariamente se votou fez com que não voltasse a rever as filhas, nem a conhecer os netos que, entretanto, nasceram.
Apesar da distância, o contacto entre pai e filhas é garantido pela regular troca de correspondência, como atestam os postais que Teixeira Gomes escreveu a Ana Rosa, desde Bougie, e que estão à guarda do Arquivo dos Presidentes — MPR.
Neles podemos encontrar desejos de boas festas, agradecimentos pelo envio de cartas e fotografias, beijos para a neta, menções aos seus haveres no Algarve ou assuntos mais triviais como as referências ao calor argelino.
A 11 de setembro de 1936, por exemplo, escrevia: «Minha querida filha: recebi e agradeço as tuas cartas de 2, 9 e 20 do passado e 1 do corrente. Muito estimarei que a horta lhes agrade. Lembranças a teu marido».
Já no postal de 9 de dezembro de 1939, lemos: «Minha querida filha: recebi e agradeço as tuas cartas de 1, 13 e 19 do passado. Diz ao José d’Azevedo que não se esqueça da conta corrente no fim do ano. Desejo a todos festas alegres. Beijos na pequerrucha e cumprimentos a teu marido».
Em todos eles, a mesma despedida: «Teu pai do C.[Coração]».