Destaques Arquivo MPR #15
Dois Presidentes, encontros e desencontros.
No Arquivo dos Presidentes — MPR encontramos uma curiosa fotografia, de 1899, onde vemos, lado a lado, dois futuros Presidentes da República: Bernardino Machado e Sidónio Pais (lado esquerdo, os primeiros da segunda fila).
Tal como os restantes elementos presentes na imagem, eles integravam, à data, o corpo docente da Universidade de Coimbra.
Bernardino Machado foi nomeado lente substituto da Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra, em 1877, e, dois anos mais tarde, professor catedrático, sendo responsável, entre outras, pela cadeira de Antropologia (1885-1907) — é a ele, aliás, que se deve a introdução, no contexto universitário português, desta disciplina.
Já Sidónio Pais também passou pelos bancos da mesma Universidade, tendo inclusive como professor o próprio Bernardino Machado, precisamente na cadeira de Antropologia. Em 1899, estreia-se, também ele, como lente substituto da Faculdade de Matemática e, em 1904, é nomeado professor catedrático.
Se em 1899, como a fotografia o demonstra, a docência universitária «unia» Bernardino Machado e Sidónio Pais, anos depois, os seus caminhos iriam divergir, pondo em confronto o professor e o seu aluno.
Reunindo o apoio de diversos setores da sociedade (dos católicos aos monárquicos, dos sindicalistas aos militares do Exército), Sidónio Pais liderou, a 5 de dezembro de 1917, um golpe militar que derrubou o governo de Afonso Costa.
Era a resposta à grave situação económico-social que se vivia no país.
Bernardino Machado, Presidente da República desde 1915, era também ele um alvo a neutralizar: recusando renunciar ao cargo, foi preso a 10 de dezembro e destituído das suas funções no dia seguinte, por decreto assinado pelos representantes da Junta Revolucionária: Machado dos Santos, Feliciano da Costa e, o seu antigo pupilo e colega, Sidónio Pais.