Destaques Arquivo MPR #27
O sogro inventor.
Durante a pesquisa para a exposição António José de Almeida e a «viagem gloriosa» ao Brasil, deparámo-nos com histórias muito curiosas, como a que nos revela «o sogro inventor».
António José de Almeida, Presidente da República entre 1919 e 1923, conheceu Maria Joana Queiroga numa sessão de propaganda republicana realizada no Alentejo. O namoro decorre nos primeiros anos de 1900, mas o casamento concretiza-se apenas após a implantação da República, em dezembro de 1910.
Natural e morador na vila de Redondo, seria na região de Évora que Joaquim Perdigão Queiroga, o sogro de António José de Almeida, se destacou como republicano, lavrador, proprietário, investidor, industrial e... inventor. O Arquivo dos Presidentes – MPR guarda extensa documentação sobre este homem que contribuiu com ideias, iniciativas e capacidade de concretização para o avanço da agricultura e da indústria do Alentejo.
Joaquim José Perdigão Queiroga (1864 – 1932?) abriu a primeira fábrica de moagem conhecida em Évora (junto à estação de caminho-de-ferro) em 1899; foi sócio e diretor técnico da Moagem e Eletricidade de Arraiolos (1918), e no Palácio da Porta de Moura inaugurou, durante a primeira década de 1900, uma fundição, onde concebia, desenvolvia, fabricava e testava as suas máquinas agrícolas. Foi autor de várias invenções, que patenteou, nomeadamente aperfeiçoamentos em carros de transporte e inovações agrícolas focadas na apanha e no processamento da azeitona, conforme testemunham vários documentos do nosso Arquivo.
A sua invenção mais popular foi um lagar móvel de azeite, conhecido por «Patinhas» devido às rodas articuladas (ou lagartas) sobre o qual se deslocava, e que lhe valeu vários prémios. Em 1922, o «Patinhas» viajou até ao Brasil para participar na Exposição Internacional do Rio de Janeiro de 1922. Sobre esta que terá sido a sua invenção mais importante, consta que, a certa altura, a patente terá sido vendida e servido de inspiração à NASA na construção do primeiro veículo a andar sobre a lua (Rover Lunar), em 1969. Não conseguimos confirmar esta história com cheiro a Hollywood, embora saibamos que o filho de Joaquim Queiroga fruto de um segundo casamento, viria a ser cineasta: o realizador Perdigão Queiroga.