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Implantada a República, a 5 de outubro de 1910, era tempo de celebrar a vitória, mas também de afirmar o novo regime político.
A propaganda republicana, que tinha ganho força nas últimas décadas da Monarquia, teve um papel fundamental na consagração pública do poder saído da revolução de 1910.
Num país com 75% da população analfabeta, uma imagem valia «mais que mil palavras», e os símbolos associados à República surgiram um pouco por todo o lado: em cartazes, gravuras, bandeiras, medalhas, selos ou bilhetes-postais, como os que aqui destacamos e que agora fazem parte da coleção do Museu.
Neles são reproduzidas fotografias, precisamente, do dia em que a revolução saiu à rua.
Observando-os, identificamos as barricadas, os canhões ou os efeitos do fogo de artilharia disparado. Identificamos ainda os espaços que foram palco das movimentações, como a Rotunda da Avenida (atual zona do Parque Eduardo VII), em Lisboa, que se converteu num local mítico para os republicanos.
Mas também identificamos os rostos dos protagonistas anónimos, militares e civis, que se juntaram à revolução, em poses bélicas e teatrais, a empunhar armas ou mesmo um estandarte. Entre eles, a «heroína» Amélia Santos, com um revólver na mão.
Numa entrevista que daria, dias depois, ao jornal A Capital, e questionada sobre a razão de se ter juntado à revolta, Amélia Santos, lojista de profissão, responderia: «Compreendi que era o meu dever. Então era justo deixar que os homens se estivessem a bater e a morrer pela causa de todos, enquanto nós nos escondíamos, medrosamente em casa? Para empunhar uma arma, tanto serve um homem como uma mulher. É certo que eu não sabia manejá-la; mas também lá estavam homens nas mesmas condições e depressa aprendiam. Assim fiz eu» (entrevista completa aqui).