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A espada de honra de Francisco Alexandre Lobo Pimentel, um dos nove sargentos que lutaram na Rotunda, em outubro de 1910, foi doada ao Museu da Presidência da República. Mais do que o carácter bélico, este género de espada reforça a dignidade da pessoa que a detém, por isso, normalmente, é executada com maior requinte artístico.
Lobo Pimentel era um jovem sargento, com 21 anos, quando fez parte do grupo de militares e civis entrincheirados na Rotunda, em Lisboa, grupo que foi decisivo para a vitória da República, no dia 5 de Outubro. A participação valeu-lhe uma promoção extraordinária ao posto de tenente.
Ocupou diversos lugares na organização militar e civil. Chegou ao posto de major. Recebeu o grau de Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada.
Durante a Ditadura, as suas convicções republicanas e democráticas trouxeram-lhe a prisão várias vezes e a deportação para Cabo Verde.
Entre os lugares destacados que ocupou, foi comandante-geral da Polícia Cívica de Lisboa, instituição que lhe ofereceu a espada agora doada ao Museu por Ilda Tito de Albuquerque Manso Preto Lobo Pimentel, cumprindo um desejo do seu marido, falecido recentemente, António Jorge Tavares Lobo Pimentel, neto do herói da Rotunda.
O «Boletim do Arquivo Histórico Militar» publicou, em 1947 (17.º volume, páginas 86 a 88), a descrição desta espada:
«Toda em prata, menos a folha que é de aço, tendo os copos lavrados com o escudo em esmalte e ouro, uma grande safira no topo dos copos, e mais duas pequenas laterais, com a seguinte dedicatória:
Ao Ex.mo Sr. Capitão Francisco Alexandre Lobo Pimentel. A Corporação da Polícia Cívica de Lisboa que tão distintamente comanda oferece como penhor de gratidão. 5-10-918».
A espada foi feita na Fábrica de Armas de Toledo, em Espanha, sendo seu proprietário Juan Ballesteros Rivera. Nesta data, produzia cerca de 12 mil exemplares por ano. Curiosamente, um erro na fundição fez gravar «Fca de Ramas» em vez de «Fca de Armas».