Últimas aquisições MPR #16

Destes dois retratos da Família Real, que também vieram aumentar a coleção do Museu da Presidência da República, não há dúvidas de que foram feitos pelo fotógrafo Francisco Augusto Gomes, assim o comprova a impressão no verso de cada uma das cartes de visite:

«F. A. Gomes Photographo de Suas Magestades»

E as majestades quem são? Pelas armas estampadas, trata-se da Família Real portuguesa, à esquerda, e da imperatriz do Brasil, D. Amélia, com as armas à direita.

Anunciar-se como fotógrafo de «Suas Magestades» equivalia a «Fornecedor da Casa Real», título muito prestigiante que se obtinha mediante requerimento. O alvará era concedido a comerciantes, empresas e marcas e o leque era muito variado: o fotógrafo Francisco Augusto Gomes; a Confeitaria Nacional, ainda hoje em funcionamento; o alfaiate Johann Christian Keil (pai de Alfredo Keil, o autor de «A Portuguesa»); o florista Vicente Russel, entre tantos outros. «Fornecedor da Casa Real» ou de «Suas Magestades» era anunciado nos produtos, nas embalagens, nas montras, funcionando como um chamariz promocional de peso.

Francisco Augusto Gomes, o principal fotógrafo da Família Real nos anos de 1860, teve o seu estúdio na travessa das Portas de Santa Catarina. O colódio húmido, em negativo de vidro, depois reproduzido em papel albuminado, era o processo usado nas cartes de visite. A herança dos retratos a óleo, dos primeiros tempos da fotografia, com processos muito lentos, como o daguerreótipo — uma pessoa podia ter de esperar 5 minutos em pose —, e de toda a encenação preparada — com móveis, panos de fundo, plantas — produziam fotografias com faces sérias, às vezes sisudas, melancólicas, sem espaço para a espontânea boa disposição.

À data das fotografias, D. Luís e D. Maria Pia tinham sido pais do príncipe herdeiro – o bebé do berço — há muito pouco tempo; D. Carlos nasceu no dia 28 de setembro de 1863. O avô, o Rei D. Fernando II, mantinha-se enamorado da condessa d’Edla, com quem viria a casar alguns anos mais tarde.

A imperatriz do Brasil, D. Amélia, era viúva do Rei D. Pedro IV, que tinha sido o primeiro imperador do Brasil.

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Fotografia de Francisco Augusto Gomes, «Fornecedor da Casa Real» e da imperatriz do Brasil, D. Amélia. Na frente da fotografia: os monarcas com o príncipe herdeiro, no berço, e a ama de leite. Retrato fotográfico do Rei D. Luís, com a Rainha D. Maria Pia, D. Carlos no berço e a ama de leite, Adelaide Gertrudes de Jesus Dias e Silva. Pormenores curiosos da encenação: na mão direita, a Rainha segura a agulha do seu bordado, no colo; o Rei dirige um olhar meigo sobre o filho, segurando um charuto na mão esquerda, e, no papel de protetor, envolve a Rainha com o braço direito; a ama, vigilante sobre o príncipe que dorme, pousa a mão direita no berço; um livro — talvez uma Bíblia — surge na pequena mesa de apoio. Com esta encenação procurava-se promover um ideal familiar, de que a Família Real seria o primeiro exemplo. Fotografia de Francisco Augusto Gomes, «Fornecedor da Casa Real» e da imperatriz do Brasil, D. Amélia. Na frente da fotografia: o Rei D. Luís e a Rainha D. Maria Pia, sentados; o Rei D. Fernando II e o infante D. Augusto, de pé. Retrato fotográfico do Rei D. Luís, com a Rainha D. Maria Pia. Em pé, o Rei D. Fernando II e o infante D. Augusto. D. Maria II e D. Fernando tiveram 11 filhos. Nesta data, sobreviviam quatro: o Rei D. Luís e D. Augusto, na fotografia; D. Maria Ana e D. Antónia, princesas da Saxónia e Sigmaringen, respetivamente, por casamento.