Últimas aquisições MPR #21
Nas eleições para o Parlamento – a chamada Câmara dos Deputados – de 19 de agosto de 1906, foram eleitos, pelo círculo de Lisboa: Afonso Costa, António José de Almeida, João de Menezes e Alexandre Braga. Foi o único círculo eleitoral a eleger republicanos. O primeiro deputado tinha sido José Joaquim Rodrigues de Freitas, votado pelo Porto, em 1873. Outros se seguiram, como Manuel de Arriaga, eleito pela Madeira, em 1882.
Estes seis azulejos de divulgação republicana, formando um painel, foram produzidos e vendidos pela vidraria Progresso, situada em Lisboa, na rua do Amparo, n.ºs 106-108. Nesta época, a rua ia da esquina da praça D. Pedro IV (Rossio) à rua do Arco do Marquês do Alegrete, atravessando todo o lado norte da praça da Figueira.
Pereira da Silva, o desenhador da composição, além dos retratos dos quatro deputados recém-eleitos, incluiu, como figura maior, a República, jovem mulher vitoriosa, segurando o facho a arder e as armas de Lisboa: o escudo com a nau que, segundo a lenda, trouxe o corpo de São Vicente do Algarve, escolhido como padroeiro da cidade desde 1173. Sobre o lado direito do painel, Pereira da Silva desenhou um sol nascente sobre o Tejo e a Torre de Belém; um galo – mais um símbolo republicano reavivado pela Revolução Francesa – empoleirado numa cartela onde se lê: «Eleitos em 19 de Agosto de 1906»; por fim, uma síntese das alegorias às Artes, Ciência, Indústria, Paz, as mesmas que tinham sido pintadas, poucos anos antes, no teto da Sala das Sessões da Câmara dos Deputados, aqui representadas pelo globo terrestre, pá, esquadro, paleta e pincéis, espada, bigorna.
Já depois da compra, para a coleção do Museu da Presidência da República, o painel foi alvo de uma intervenção de conservação – no essencial, resultou na limpeza e remoção de sujidades depositadas ao longo de cerca de 117 anos. Ficou bem visível o antes e o depois da intervenção.