Últimas aquisições MPR#36
Quer no Palácio de Belém, quer no Palácio da Cidadela de Cascais, a presença de louça da China foi e é uma constante. Para usar e para decorar, generalizou-se no círculo das casas nobres e das habitações da realeza em Portugal e em toda a Europa, a partir do século XVI.
Na história dos condes de Aveiras, antigos donos da Quinta de Belém, houve quem tivesse cargos na Índia, sendo muito provável, por isso, que desde cedo houvesse porcelanas do Oriente na casa.
Já na República, o Presidente Manuel Teixeira Gomes fez-se retratar no Palácio de Belém, sentado na Cadeira dos Leões, tendo à sua esquerda «a piscina [aquário] chinesa», hoje uma peça decorativa da Sala de Jantar.
Com o passar dos tempos, a produção, a variedade de fabrico e a sua circulação atingiram níveis tão altos – consequentemente preços muito mais acessíveis –, que no século XX este gosto democratizou-se: tornou-se comum encontrar nas casas portuguesas um pequeno pote, uma taça, um serviço de chá de porcelana chinesa ou japonesa.
Este par de potes com tampa, agora adquiridos para a coleção do MPR, em breve farão parte da decoração de uma das salas do Palácio de Belém. Datam do século XIX e não são pequenos: medem 61 cm de altura! Estão decorados com esmaltes da família rosa – uma designação fundada na cor dominante.
A decoração dos potes é composta por duas cenas do quotidiano feminino, ao ar livre, comuns na porcelana chinesa. Na primeira, a beleza de várias peónias é o mote que suscita o espanto de quem as vê; na segunda, a cerimónia do chá. À volta destas cenas, reconhecem-se flores, árvores como a ameixeira, frutos, borboletas e paisagens em perspetiva.