Últimas Aquisições #39

Entre as condecorações que o Presidente da República concede e supervisiona, enquanto grão-mestre das Ordens Honoríficas Portuguesas, encontramos a Ordem de Cristo, cuja história remonta à Idade Média, às ordens monástico-militares que desempenharam um relevante papel, em Portugal, na Reconquista Cristã.

Corria, precisamente, o ano de 1318, quando D. Dinis instituiu a Ordem Militar de Cristo, confirmada em março do ano seguinte por bula do Papa João XXII. Sucedia, por sua vez, à Ordem do Templo, entretanto extinta pelo Papa Clemente V em 1312.

Com o fim, em Portugal, do movimento de reconquista do território, estas ordens foram forçadas a redefinir a sua missão, perdendo, pelos caminhos da história, a sua autonomia e natureza religiosa: em 1551, uma bula do Papa Júlio III concedia à Coroa portuguesa, após insistência régia, o mestrado das ordens de Cristo, Avis e Santiago da Espada.

Em 1789, com uma carta de lei datada de 19 de junho, D. Maria I impôs uma nova reforma das ordens que dava início a uma transformação que já se ia anunciando, e que se acelerou com a Revolução Francesa e o advento do Liberalismo: as antigas ordens militares tornar-se-iam em ordens honoríficas, de mérito civil e militar, destinadas a galardoar relevantes serviços prestados ao Estado.

Séculos depois, o espírito republicano saído da revolução de 5 de outubro de 1910 iria determinar a extinção das Ordens Honoríficas, com exceção da Ordem da Torre e Espada. Mas foi «sol de pouca dura», já que, em 1918, viriam a ser restabelecidas pelo Presidente Sidónio Pais.

A coleção do MPR, que contempla várias condecorações nacionais e estrangeiras, ficou agora mais completa com uma recente aquisição, uma insígnia da Ordem de Cristo, em prata, de produção francesa, datada do século XIX, a qual possui uma característica atípica: os vidros e o «strass» que a cravejam são incolores, ao invés de apresentarem a tradicional cor vermelha da Ordem.

Nesta peça em particular, podemos, ainda, observar, o Sagrado Coração de Jesus, ao centro do laço da suspensão: foi D. Maria I que, nos idos de 1789, e como testemunho da sua devoção, estabeleceu que as insígnias dos graus de grã-cruz e de comendador das ordens militares deveriam incluir este traço distintivo.

RC

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Insígnia da Ordem de Cristo, uma das mais recentes aquisições para a coleção do MPR. D. Maria I ostenta a Banda das Três Ordens, por si instituída com a reforma de 1789, da qual pende a insígnia da Ordem de Cristo com Sagrado Coração de Jesus. Retrato oficial do Presidente Américo Tomás, envergando a banda de grã-cruz da Ordem de Cristo e respetiva placa ao peito. Placa dos graus de grã-cruz e de grande-oficial da Ordem de Cristo. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa condecora a Associação de Comandos com o título de Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo.