Últimas Aquisições #40
Maria Ana Josefa de Áustria nasceu a 7 de setembro de 1683, na cidade de Linz (Áustria), filha do Imperador Leopoldo I e da sua terceira mulher, a condessa Leonor Madalena. O casamento com D. João V realizou-se em 1708: primeiro na cidade de Viena, em junho, cerimónia em que o Rei português foi representado pelo pai de D. Maria Ana, e depois em Lisboa, no dia 28 de outubro, com a bênção nupcial. A nova Rainha chegou a Lisboa numa numerosa armada de 14 naus onde se incluía um luxuoso coche oferecido pelo seu irmão, o Imperador José I da Áustria, e que atualmente se encontra no Museu Nacional dos Coches.
Durante o reinado de seu marido, D. Maria Ana foi regente em diversas ocasiões: quando o Rei se ausentou numa jornada pelo Alentejo (1716) e nos períodos de doença de D. João V, nomeadamente no final da vida (1749-1750). Após um período de três anos sem descendência – que desencadeou a promessa do Rei de construir um convento para os frades franciscanos da Arrábida, em Mafra –, a Rainha teve seis filhos, entre os quais a futura Rainha consorte de Espanha, D. Maria Bárbara, e D. José I, que sucedeu ao pai como Rei de Portugal.
Mulher culta e Rainha consorte por um período de 42 anos, Maria Ana de Áustria transformou o gosto da sua corte, composta por damas portuguesas e alemãs. Os espetáculos musicais, a dança e a música animavam o teatro do Paço da Ribeira, sendo hoje reconhecido o papel fulcral que teve na introdução da ópera italiana em Portugal.
Em julho de 1726, D. João V adquire ao 3.º conde de Aveiras várias quintas na zona de Belém. Inicialmente, a julgar pelas notícias que a Gazeta de Lisboa ia divulgando, é principalmente a Rainha, acompanhada pelos infantes, que ia divertir-se (expressão da Gazeta) à Casa Real de Campo de Belém. Com D. José, aumentaram de frequência as estadas da corte em Belém, incluindo do Rei, sabendo-se que era aí que estava no dia fatídico de 1 de novembro de 1755. Dois anos antes, a 14 de agosto de 1754, acabaria por morrer no Palácio de Belém a então Rainha-mãe, D. Maria Ana de Áustria. No testamento, indicou que o seu coração ficasse em Viena, na cripta imperial, e o seu corpo na Igreja de S. João de Nepomuceno, em Lisboa, fundada por si (o seu corpo foi trasladado para o Panteão dos Bragança já no séc. XIX).
O quadro que o museu acaba de adquirir é uma cópia, presumivelmente do séc. XVIII, de um retrato, igualmente pintado a óleo, que se encontra no Museu do Prado, de cerca de 1729, da autoria de Jean Ranc (1674-1735), e fazia par com um retrato de D. João V, também no Museu do Prado. No Museu Nacional dos Coches, existe um outro retrato, igualmente atribuído a Jean Ranc, da Rainha que deu o nome a uma das maiores cidades brasileiras produtoras de ouro, no tempo de D. João V: a cidade de Mariana.
ESA