Sete décadas depois de subir ao trono, a 6 de fevereiro de 1952, a Rainha Isabel II é a primeira monarca britânica a celebrar o Jubileu de Platina.
Durante o seu longo reinado, Portugal recebeu-a por duas vezes, em 1957 e 1985.
Das duas visitas, a que mais perdura na memória é a primeira, que se estendeu por quatro dias, sendo, ainda hoje, recordada pelo grande cerimonial e pelo seu mediatismo.
Em fevereiro de 1957, Portugal engalanou-se para receber a jovem Rainha e o seu marido, o duque de Edimburgo. À sua espera, o Presidente da República, Francisco Craveiro Lopes, que, dois anos antes, tinha-se encontrado com a monarca, durante uma visita oficial a Londres.
O desembarque da Rainha no Cais das Colunas, a 18 de fevereiro, foi imponente: chegando no bergantim real, que outrora servira o casamento de D. João VI e D. Carlota Joaquina, Isabel II foi recebida pelo Presidente português. Seguiu-se um desfile e parada militares, ainda no Terreiro do Paço, partindo depois os dois chefes de Estado num sumptuoso coche do tempo de D. João VI.
Nesse mesmo dia, realizou-se a tradicional troca de presentes no Palácio de Belém: Craveiro Lopes ofereceu à Rainha um cavalo Puro Sangue Lusitano; o Presidente português recebeu um quadro do pintor inglês Graham Sutherland.
Foram muitos os momentos que marcaram a visita: o banquete no Palácio da Ajuda; a récita de gala no Teatro São Carlos, onde marcou presença António de Oliveira Salazar; o almoço no refeitório do Mosteiro de Alcobaça; a visita ao Mosteiro da Batalha; a receção no Porto, com passagem pelo Palácio da Bolsa e pela Feitoria Inglesa.
Por onde a comitiva passava, milhares de pessoas acotovelavam-se para ver a ilustre visitante, uma presença que suspendeu, quase por completo, a vida quotidiana e mobilizou a curiosidades dos portugueses.
Jornalistas estrangeiros, sobretudo ingleses, acompanharam todos os atos do programa. A cobertura da visita foi também uma «prova de fogo» para a recém-criada RTP, que lhe dedicou um jornal diário e uma grande reportagem.
Consciente do impacto da visita na imagem externa de Portugal, o regime conjugou esforços e «encenou» uma grande receção para a soberana britânica: monumentos foram restaurados e viaturas adquiridas; móveis e quadros saíram de museus e palácios; coches e bergantins vieram para a rua.
O encontro entre os chefes de Estado foi considerado um sucesso, por ingleses e portugueses, e os laços da velha aliança entre os dois países saíram reforçados.
No Arquivo dos Presidentes — MPR são vários os documentos que dão prova da singularidade desta visita: leia, por exemplo, o discurso que o Presidente Craveiro Lopes proferiu durante o banquete no Palácio da Ajuda; descubra todos os passos da Rainha, consultando o programa oficial; veja a extensa reportagem realizada pela revista «O Século Ilustrado»; ou saiba quem Isabel II escolheu para integrar a comitiva real.
RC