Onde dormir? Onde descansar? Onde tomar algumas refeições? … Perguntas a que foi preciso dar resposta quando ficou decidido que o Presidente Bernardino Machado, com uma comitiva de 9 pessoas, mais 5 jornalistas, viajaria até à Frente de combate (ou Front, em francês, como se dizia na época). Não terá sido com a facilidade com que hoje se resolvem estes aspetos logísticos de uma visita oficial, ainda mais porque a Europa vivia a Grande Guerra.
O trabalho preparatório dos diplomatas portugueses acreditados nas diferentes capitais europeias, conjugado com os esforços do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa, foi essencial para o bom resultado da viagem, nos aspetos políticos, mas também nos detalhes mais simples do dia a dia, como, por exemplo, onde iria dormir o chefe do Estado. Esses diplomatas foram: em Madrid, Augusto de Vasconcelos; em Paris, João Chagas; em Londres, Manuel Teixeira Gomes, mais tarde Presidente da República; em Bruxelas, Manuel Alves da Veiga.
O Presidente Bernardino Machado viajou durante dezoito dias, num percurso de ida e volta, que o levou a Espanha, França, Inglaterra, Bélgica. Partiu da Estação do Rossio no dia 8 de outubro, onde regressou no dia 25 do mesmo mês.
A declaração de guerra da Alemanha, em março de 1916, tornou inevitável a nossa participação no conflito mundial. Em janeiro de 1917, partiram para a Flandres, na parte francesa, os primeiros combatentes do Corpo Expedicionário Português (CEP). Impunha-se, pois, uma visita solidária aos soldados portugueses, assim como havia que afirmar a soberania da jovem República junto dos países aliados — em síntese, as duas principais razões que levaram Bernardino Machado a viajar pela Europa.
Para a exposição que o Museu da Presidência da República organizou em outubro de 2017, cem anos depois da primeira viagem presidencial, encetámos um trabalho de pesquisa que nos levou a identificar os espaços usados pelo Presidente Bernardino Machado para pernoitar, tomar algumas refeições, até descansar, mesmo que por pouco tempo. Nessa pesquisa, o relato detalhado de Ângelo Vaz, Viagem Presidencial — 1917, secretário e genro de Bernardino Machado, foi ponto de partida obrigatório. E porque estava há muito esgotado, o Museu da Presidência da República, em parceria com a Imprensa Nacional, publicou uma reedição da obra.
Que hotéis, que palácios, que comboios usou Bernardino Machado, quando viajou em 1917? Relembramo-los aqui.
Dia 8 — Portugal
Comboio português
Dia 9 — Espanha, San Sebastián
Hotel Maria Cristina
Grande Casino
Palácio Miramar
Dia 9, 10 e 11 — França
Comboio francês
Dia 12, 13 e 14 — França, Blessy
Palácio de Santo André, em Witternesse, próximo da cidade de Blessy (Pas-de-Calais), da família Hogendorp Wolf-Oberlin
Dia 15 e 16 — França, Pas-de-Calais
Palácio de Tramecourt
Dia 17, 18, 19, 20 e 21 — Inglaterra, Londres
Hotel Ritz, Picadilly
Dia 21, 22 e 23 — França, com visita à Bélgica no dia 22
Palácio Imperial, em Boulogne-sur-Mer, da família Mariette
Palácio de Sainte-Flore, em Les Moëres, próximo da vila de La Panne, na Bélgica
Hotel Meurice, em Paris
Comboio francês
Dia 24 — Espanha
Comboio português
Dia 25 — Chegada a Lisboa
Comboio português
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