I República (1910-1926)
Terminado o período da Monarquia, a República manteve o Palácio da Cidadela de Cascais disponível para o chefe do Estado. Em 1913, Manuel de Arriaga, o primeiro Presidente eleito, usou a casa para férias, permanecendo pelo inverno dentro. Repetiu em 1914, na esperança de que os ares de Cascais amenizassem os efeitos da sua rinite alérgica. No entanto, esta utilização não foi gratuita: o Congresso exigiu o pagamento de uma renda mensal de 30 escudos, em coerência com a renda exigida por ocupar o Palácio de Belém.
Em 1916, o Presidente da República Bernardino Machado passou uma temporada de inverno no Palácio da Cidadela, quando se iniciaram obras no chamado anexo do Palácio de Belém; nem por isso deixou de pagar os exigidos 100 escudos mensais respeitantes a Belém, agora pelo uso da Cidadela como residência oficial temporária.
Afastado da Presidência pelo golpe de Sidónio Pais, a 5 de dezembro de 1917, Bernardino Machado foi obrigado a sair do país, deixando por pagar as despesas relativas à sua estadia na Cidadela. A Direção-Geral da Fazenda Pública propôs que o valor em dívida fosse deduzido no vencimento desse mês de dezembro. A questão foi sanada mais tarde pelos filhos de Bernardino Machado, que pagaram o montante reclamado.
A breve passagem de Sidónio Pais pela Presidência e o desfecho trágico do seu mandato não terão dado tempo ao Presidente-Rei para usufruir de uma temporada no Palácio da Cidadela de Cascais, ainda que essa intenção devesse ter existido, a julgar pela notícia de pequenas obras, limpezas e aprovisionamentos, no outono de 1918. O seu assassínio, a 14 de dezembro seguinte, junto à estação do Rossio, deixou esse e outros planos por cumprir.
João do Canto e Castro, eleito para completar o período restante do mandato de Sidónio Pais, foi aconselhado pelos médicos a passar uma temporada no Palácio da Cidadela de Cascais, para onde se mudou em maio de 1919. Durante a sua permanência em Cascais, e no seguimento de várias diligências, o Presidente Canto e Castro conseguiu ficar isento da renda do Palácio de Belém, pagando apenas a utilização da fortaleza.
António José de Almeida, eleito em agosto de 1919, usou efemeramente o Palácio durante os quatro anos de mandato; nele se refugiou em fevereiro de 1922, no contexto da grave crise política vivida então. Nem Manuel Teixeira Gomes nem Bernardino Machado, novamente eleito, a fechar a I República, viriam à Cidadela.