Francisco Craveiro Lopes
Biografia
Francisco Craveiro Lopes foi o único Presidente da República que, durante o Estado Novo, cumpriu apenas um mandato de sete anos.
A sua eleição, em 1951, na sequência da morte do Presidente Óscar Carmona, significava uma alternância das Forças Armadas na chefia do Estado: depois de um representante do Exército (Carmona), chegava a vez da Aeronáutica Militar, que a partir de 1952 passaria a designar-se Força Aérea Portuguesa. No entanto, o Presidente Craveiro Lopes acabaria por defraudar as expectativas do regime e os seus contactos junto dos setores reformistas levariam Salazar a decidir a sua não recondução no cargo.
Francisco Higino Craveiro Lopes nasceu em Lisboa, no dia 12 de abril de 1894, o segundo dos quatros filhos do casal João Carlos Craveiro Lopes (1871-1945) e Júlia Clotilde Cristiano (1875-1955). O pai, general do Exército, esteve na origem do «Movimento das Espadas», em 1915; integrou o Corpo Expedicionário Português, que combateu na I Guerra Mundial, ficando prisioneiro na sequência da Batalha de La Lys (9.04.1918); foi governador-geral da Índia, entre 1929 e 1936.
Sendo filho, neto e bisneto de generais, Craveiro Lopes ingressou cedo na carreira militar, com a entrada no Colégio Militar, aos dez anos. Seguiram-se a Escola Politécnica de Lisboa, instituição que ministrava formação para o acesso à carreira militar, e, em 1911, o Regimento de Cavalaria n.º 2, onde se alistou como voluntário, e o curso de Cavalaria da Escola do Exército.
Em 1915, no contexto da I Guerra Mundial, foi mobilizado para as campanhas de África, partindo para Moçambique em setembro. Aí permaneceu até 1917, ano em que esteve em França, na Escola de Aviação de Chartres, onde fez o curso de piloto militar. Promovido a tenente, regressou a Moçambique como oficial da Aeronáutica Militar (criada em 1914).
Foi em Lourenço Marques (atual Maputo) que conheceu e casou, em 1918, com Berta da Costa Ribeiro Arthur (1899-1958) cujo pai era diretor dos Caminhos de Ferro de Moçambique. O casal teve quatro filhos: João Carlos (1919-2015), Nuno (1921-1972), Maria João (1922-2003) e Manuel (1924-2007).
Francisco Craveiro Lopes foi sucessivamente promovido a capitão-piloto aviador (1922), major (1930), tenente-coronel (1939), coronel (1942), brigadeiro (1947), general (1949) e marechal (1958).
Em 1926, foi incorporado na Aeronáutica Militar, chegando a dirigir a Divisão de Instrução (de pilotagem) da Escola Militar. Nesse mesmo ano, na sequência do golpe militar do 28 de Maio, foi nomeado presidente da Câmara Municipal de Sintra, cargo que ocupou durante três anos. Na década de 1930, desempenhou vários cargos políticos na administração colonial, no então Estado da Índia: chefe de Gabinete do governador-geral da Índia (1933), João Craveiro Lopes, seu pai; governador do Distrito de Damão (1934-1936); governador-geral da Índia (1936-1938). Em 1939, regressou à metrópole, para comandar a Base Aérea de Tancos (1941 e 1943); em 1941, foi nomeado diretor-geral da Aeronáutica Civil; em 1944, foi nomeado comandante-geral da Legião Portuguesa, acumulando funções de comandante da Base Aérea das Lajes (1941-1944); foi deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Coimbra (1947 e 1949); em 1951, foi comandante da 3.ª Região Militar, em Tomar.
A morte do Presidente da República, general Óscar Carmona, conduzirá Francisco Craveiro Lopes ao mais alto cargo do Estado. Aos 57 anos, apesar de ser um militar com um percurso político no regime, Craveiro Lopes estava longe de ser um oficial com ambições políticas. Discreto, cumpridor, não fazia parte do núcleo próximo do poderoso ministro da Defesa, coronel Fernando Santos Costa, o que terá agradado a António de Oliveira Salazar, que não queria na chefia do Estado um militar de fação.
Depois da Presidência da República
Em novembro de 1958, Craveiro Lopes é elevado a marechal. Apesar da promoção, torna-se progressivamente crítico do regime. Logo em 1959, alguns militares que lhe são próximos participam ativamente no golpe da Sé, movimento militar revolucionário promovido por oficiais ligados a Humberto Delgado, que é desmantelado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Esta mesma polícia não deixará de o manter sob apertada vigilância, controlando todos os seus movimentos até ao final da sua vida. É com total envolvimento que o vamos encontrar ligado à chamada Abrilada de 1961 (golpe de Botelho Moniz). Craveiro Lopes é um dos militares presentes no plenário dos comandantes militares convocado pelo ministro da Defesa Nacional, general Júlio Botelho Moniz. O plano previa que Craveiro Lopes voltasse a ocupar a chefia do Estado e que Marcelo Caetano pudesse vir a tornar-se chefe do Governo. Considerando a situação irremediavelmente perdida, e perante a desistência dos outros implicados na conspiração, o marechal é um dos poucos que defende a desobediência e o confronto militar com as forças fiéis ao regime. Com o intuito de obter o apoio do Presidente da República, Botelho Moniz deslocou-se ao Palácio de Belém no dia 11 de abril de 1961, onde tentou convencer Américo Tomás a demitir Salazar. No entanto, o não comprometimento do chefe do Estado com os conspiradores permitiu ao regime preparar o contra-ataque. Dois dias depois, forças da Legião Portuguesa, comandadas por Santos Costa, cercaram os revoltosos, e Salazar ordenou a demissão dos ministros e do subsecretário de Estado envolvidos. Nesse mesmo dia, o presidente do Conselho assumiu interinamente a pasta da Defesa Nacional e nomeou para ministro do Exército Mário José Pereira da Silva.
Pouco tempo depois, Craveiro Lopes viaja até às ex-colónias para visitar os seus filhos, que aí se encontravam: Nuno em Moçambique e João (que fora seu ajudante de campo na Presidência da República) em Angola. Em 1963, logo no início do ano, sofre um primeiro ataque cardíaco, voltando seguidamente a Angola, onde fica durante cerca de três meses para consolidar a sua recuperação. Durante essa estada, encontra-se com António de Spínola que aí comandava o Batalhão de Cavalaria 345.
Em 1962, escreve o prefácio do opúsculo de Manuel José Homem de Mello — Portugal, o Ultramar e o Futuro —, no qual defende a necessidade de se encontrar uma «solução verdadeiramente nacional» e promover uma «livre discussão» sobre a questão colonial. No ano seguinte, em entrevista ao Diário de Notícias, leva as suas críticas mais longe, defendendo a livre discussão dos principais problemas do país, «a evolução gradual do regime», «a abolição da censura» e a «liberdade de expressão e discussão», apelando ainda à «coragem» e ao «bom senso» no âmbito da política ultramarina a fim de que se reconheçam «as realidades da hora presente».
No dia 2 de setembro de 1964, o coração de Francisco Craveiro Lopes volta a atraiçoá-lo, desta vez de forma fatal. É-lhe organizado um funeral de Estado, enquanto ex-Presidente da República, mas não foi decretado luto nacional, e, ao contrário do habitual, o Ministério da Defesa não se disponibilizou para suportar os custos do funeral.
Biografia completa
Francisco Higino Craveiro Lopes nasceu em Lisboa, no dia 12 de abril de 1894, o segundo dos quatros filhos do casal João Carlos Craveiro Lopes (1871-1945) e Júlia Clotilde Cristiano (1875-1955). O pai, general do Exército, esteve na origem do «Movimento das Espadas», em 1915; integrou o Corpo Expedicionário Português, que combateu na I Guerra Mundial, ficando prisioneiro na sequência da Batalha de La Lys (9.04.1918); foi governador-geral da Índia, entre 1929 e 1936.
Sendo filho, neto e bisneto de generais, Craveiro Lopes ingressou cedo na carreira militar, com a entrada no Colégio Militar, aos dez anos. Seguiram-se a Escola Politécnica de Lisboa, instituição que ministrava formação para o acesso à carreira militar, e, em 1911, o Regimento de Cavalaria n.º 2, onde se alistou como voluntário, e o curso de Cavalaria da Escola do Exército.
Em 1915, no contexto da I Guerra Mundial, foi mobilizado para as campanhas de África, partindo para Moçambique em setembro. Aí permaneceu até 1917, ano em que esteve em França, na Escola de Aviação de Chartres, onde fez o curso de piloto militar. Promovido a tenente, regressou a Moçambique como oficial da Aeronáutica Militar (criada em 1914).
Foi em Lourenço Marques (atual Maputo) que conheceu e casou, em 1918, com Berta da Costa Ribeiro Arthur (1899-1958) cujo pai era diretor dos Caminhos de Ferro de Moçambique. O casal teve quatro filhos: João Carlos (1919-2015), Nuno (1921-1972), Maria João (1922-2003) e Manuel (1924-2007).
Francisco Craveiro Lopes foi sucessivamente promovido a capitão-piloto aviador (1922), major (1930), tenente-coronel (1939), coronel (1942), brigadeiro (1947), general (1949) e marechal (1958).
Em 1926, foi incorporado na Aeronáutica Militar, chegando a dirigir a Divisão de Instrução (de pilotagem) da Escola Militar. Nesse mesmo ano, na sequência do golpe militar do 28 de Maio, foi nomeado presidente da Câmara Municipal de Sintra, cargo que ocupou durante três anos. Na década de 1930, desempenhou vários cargos políticos na administração colonial, no então Estado da Índia: chefe de Gabinete do governador-geral da Índia (1933), João Craveiro Lopes, seu pai; governador do Distrito de Damão (1934-1936); governador-geral da Índia (1936-1938). Em 1939, regressou à metrópole, para comandar a Base Aérea de Tancos (1941 e 1943); em 1941, foi nomeado diretor-geral da Aeronáutica Civil; em 1944, foi nomeado comandante-geral da Legião Portuguesa, acumulando funções de comandante da Base Aérea das Lajes (1941-1944); foi deputado à Assembleia Nacional pelo círculo de Coimbra (1947 e 1949); em 1951, foi comandante da 3.ª Região Militar, em Tomar.
A morte do Presidente da República, general Óscar Carmona, conduzirá Francisco Craveiro Lopes ao mais alto cargo do Estado. Aos 57 anos, apesar de ser um militar com um percurso político no regime, Craveiro Lopes estava longe de ser um oficial com ambições políticas. Discreto, cumpridor, não fazia parte do núcleo próximo do poderoso ministro da Defesa, coronel Fernando Santos Costa, o que terá agradado a António de Oliveira Salazar, que não queria na chefia do Estado um militar de fação.
Depois da Presidência da República
Em novembro de 1958, Craveiro Lopes é elevado a marechal. Apesar da promoção, torna-se progressivamente crítico do regime. Logo em 1959, alguns militares que lhe são próximos participam ativamente no golpe da Sé, movimento militar revolucionário promovido por oficiais ligados a Humberto Delgado, que é desmantelado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Esta mesma polícia não deixará de o manter sob apertada vigilância, controlando todos os seus movimentos até ao final da sua vida. É com total envolvimento que o vamos encontrar ligado à chamada Abrilada de 1961 (golpe de Botelho Moniz). Craveiro Lopes é um dos militares presentes no plenário dos comandantes militares convocado pelo ministro da Defesa Nacional, general Júlio Botelho Moniz. O plano previa que Craveiro Lopes voltasse a ocupar a chefia do Estado e que Marcelo Caetano pudesse vir a tornar-se chefe do Governo. Considerando a situação irremediavelmente perdida, e perante a desistência dos outros implicados na conspiração, o marechal é um dos poucos que defende a desobediência e o confronto militar com as forças fiéis ao regime. Com o intuito de obter o apoio do Presidente da República, Botelho Moniz deslocou-se ao Palácio de Belém no dia 11 de abril de 1961, onde tentou convencer Américo Tomás a demitir Salazar. No entanto, o não comprometimento do chefe do Estado com os conspiradores permitiu ao regime preparar o contra-ataque. Dois dias depois, forças da Legião Portuguesa, comandadas por Santos Costa, cercaram os revoltosos, e Salazar ordenou a demissão dos ministros e do subsecretário de Estado envolvidos. Nesse mesmo dia, o presidente do Conselho assumiu interinamente a pasta da Defesa Nacional e nomeou para ministro do Exército Mário José Pereira da Silva.
Pouco tempo depois, Craveiro Lopes viaja até às ex-colónias para visitar os seus filhos, que aí se encontravam: Nuno em Moçambique e João (que fora seu ajudante de campo na Presidência da República) em Angola. Em 1963, logo no início do ano, sofre um primeiro ataque cardíaco, voltando seguidamente a Angola, onde fica durante cerca de três meses para consolidar a sua recuperação. Durante essa estada, encontra-se com António de Spínola que aí comandava o Batalhão de Cavalaria 345.
Em 1962, escreve o prefácio do opúsculo de Manuel José Homem de Mello — Portugal, o Ultramar e o Futuro —, no qual defende a necessidade de se encontrar uma «solução verdadeiramente nacional» e promover uma «livre discussão» sobre a questão colonial. No ano seguinte, em entrevista ao Diário de Notícias, leva as suas críticas mais longe, defendendo a livre discussão dos principais problemas do país, «a evolução gradual do regime», «a abolição da censura» e a «liberdade de expressão e discussão», apelando ainda à «coragem» e ao «bom senso» no âmbito da política ultramarina a fim de que se reconheçam «as realidades da hora presente».
No dia 2 de setembro de 1964, o coração de Francisco Craveiro Lopes volta a atraiçoá-lo, desta vez de forma fatal. É-lhe organizado um funeral de Estado, enquanto ex-Presidente da República, mas não foi decretado luto nacional, e, ao contrário do habitual, o Ministério da Defesa não se disponibilizou para suportar os custos do funeral.
Mandato Presidencial
9 de agosto de 1951 – 9 de agosto de 1958
Na sequência da morte do Presidente Óscar Carmona, o nome de Craveiro Lopes é formalmente lançado na reunião da Comissão Central da União Nacional de 1 de junho de 1951.
A 3 de junho, a oposição democrática decide avançar com o nome do almirante Manuel Carlos Quintão Meireles e o Partido Comunista Português avança com o professor Ruy Luís Gomes como candidato.
No dia 11 de junho, a Constituição é alterada, fixando-se a obrigatoriedade da aprovação prévia das candidaturas à Presidência da República pelo Conselho de Estado e a afirmação de que seriam excluídos todos os candidatos que não mostrassem a sua fidelidade ao regime. Na prática, vedava-se o acesso das candidaturas oposicionistas às eleições presidenciais. A consequência direta foi o afastamento de Ruy Luís Gomes pelo Conselho de Estado e a desistência de Quintão Meireles.
Francisco Craveiro Lopes foi o único candidato das eleições de 22 de julho de 1951.
O seu mandato iniciou-se num clima de alguma instabilidade. A morte de Carmona abrira brechas nos diversos setores do regime, em particular entre as alas conservadora e moderada. Se a eleição de Craveiro Lopes parecia ser uma solução de compromisso, até pelo seu descomprometimento, a batalha principal entre os dois campos dá-se no III Congresso da União Nacional em Coimbra, a 22 de novembro. Nessa ocasião, a ala mais conservadora coloca novamente a questão do regime —Monarquia ou República —, possibilidade que é simultaneamente negada, no próprio congresso, por Marcelo Caetano (representando a ala reformista) e pelo Presidente da República, numa cerimónia pública, no Porto. Esse momento marca o início da aproximação entre Marcelo Caetano e Craveiro Lopes, que se manterá durante todo o seu mandato.
Afastando-se progressivamente do ministro da Defesa Nacional, Santos Costa, Craveiro Lopes torna-se o ponto de referência do reformismo no interior das Forças Armadas, também elas impulsionadas pela adesão de Portugal à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN / NATO), como membro fundador, em 1949. A formação de novos quadros e o contacto que estabelecem com a realidade exterior preconizam uma maior independência da instituição militar relativamente ao poder político. Cria-se, assim, um eixo «marcelista-craveirista» no interior da ala reformista do regime, com o Presidente da República a representar a sua componente militar.
O mandato de Craveiro Lopes decorre num contexto internacional muito favorável à diplomacia portuguesa. Membro fundador da NATO, em plena Guerra Fria, num período que estava ainda longe da descolonização em África, Portugal e o seu regime é respeitado e considerado essencial na defesa do Ocidente. Foi nesse contexto que o Presidente Craveiro Lopes recebeu várias personalidades estrangeiras de visita a Portugal, entre as quais: o comandante supremo da NATO, general Matthew Ridgway, em 1952; o general Aléxandros Papágos, primeiro-ministro grego, em 1954; o Presidente do Brasil, João Café Filho, e a Rainha Juliana dos Países Baixos, em 1955; o recém-eleito Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 1956, e, em 1957, a Rainha Isabel II de Inglaterra, visita esta que teve um importante impacto mediático no país, implicando um grande aparato protocolar.
Durante o seu mandato — que a Constituição fixava em sete anos —, o Presidente Craveiro Lopes efetuou várias viagens pelo país, sem esquecer as então denominadas Províncias Ultramarinas. Em 1954, viajou até S. Tomé e Príncipe e Angola; Guiné e Cabo Verde, em 1955, e Moçambique, no ano de 1956. Deslocou-se por três vezes ao estrangeiro, em visitas oficiais: a Espanha, em 1953; a Inglaterra, em 1955; e ao Brasil, em 1957.
As ligações que Craveiro Lopes mantém com os marcelistas, com os setores militares opostos ao ministro da Defesa Nacional, Santos Costa, e com a oposição, levam o regime a decidir a sua não reeleição, em abril de 1958, mas sem que essa decisão tenha sido comunicada de imediato ao presidente. Vários nomes vão sendo apontados, emergindo a figura de Américo Tomás, ministro da Marinha, desde 1944. Salazar apresentou esse nome à Comissão Central da União Nacional e no encontro que teve com Craveiro Lopes, a 26 de abril de 1958, informou-o apenas de que existiam resistências à sua reeleição, remetendo a decisão final para a União Nacional (UN). A decisão da Comissão Central da UN foi tomada no dia 1 de maio, e no dia seguinte, por carta, Salazar comunicou a Craveiro Lopes que o candidato da União Nacional às eleições presidenciais de 1958 seria Américo Tomás. A notícia surpreendeu por completo o ainda Presidente da República que aguardou, serenamente, o final do seu mandato, sem aceitar qualquer tipo de movimentação contra Salazar ou o ministro Santos Costa.
As eleições presidenciais de 1958 decorreram no dia 8 de junho e, a 5 de julho, Craveiro Lopes enfrentou a morte súbita da sua mulher, Berta Craveiro Lopes, vítima de um acidente vascular cerebral, aos 58 anos, no Palácio de Belém, para onde se tinham mudado.
Retrato Oficial
Em 1959, a Secretaria-Geral da Presidência - cumprindo uma vontade do novo Presidente, Américo Tomás - pediu à Junta Nacional de Educação que indicasse o nome do artista que deveria realizar o retrato oficial do general Craveiro Lopes. Informava quais os pintores representados, até à data, na Galeria que então se exibia na sala Império do palácio de Belém.
A decisão final, assinada pelo ministro da Educação Nacional, indicou o pintor Eduardo Malta, então diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea, retratista com fama, que em 1933 havia pintado o retrato de Oliveira Salazar. O valor da despesa foi de 50 mil escudos.
No retrato, Craveiro Lopes é representado de pé, usando medalhas militares, o colar da Ordem da Torre e Espada e a Banda das Três Ordens, com a respetiva estrela ao peito, insígnia do Presidente da República.