Implantação da República
Antes de ser um regime – a 5 de outubro de 1910 –, a República foi um projeto de renovação da sociedade portuguesa.
Os princípios do republicanismo chegaram a Portugal nas últimas décadas do séc. XIX e ganharam um novo e decisivo fôlego na sequência do episódio traumático do Ultimato britânico. A partir de 1900, os ideais igualitários da República começaram a ser difundidos de forma sistemática. Quer fosse nos Centros Republicanos, quer fosse nos comícios – que juntavam milhares de pessoas –, a mensagem republicana foi acolhida com fervor por muitos setores insatisfeitos da população portuguesa, principalmente nos centros urbanos.
Marcada pela heterogeneidade, a “família republicana” (várias tendências dentro do partido Republicano Português) dividiu-se quanto ao regicídio de 1 de fevereiro de 1908, e muitos republicanos demarcaram-se publicamente do assassinato do Rei e do príncipe herdeiro, considerando-o como um revés para a causa republicana. No entanto, a deterioração da situação política provada pelo trágico acontecimento favorecia a conspiração.
O derrube efetivo do regime começou a ser preparado em 1909, numa ação concertada entre republicanos e elementos do Exército e da Armada, com reuniões preparatórias no seio das sociedades secretas Maçonaria e Carbonária.
Foi em Lisboa, centro do poder, que a revolução saiu à rua, às primeiras horas do dia 4 de outubro de 1910. Os combates duraram até à manhã do dia seguinte, estendendo-se do Terreiro do Paço à Rotunda (atual Parque Eduardo VII), com alguns incidentes pelo meio que quase fizeram gorar a revolução. O certo é que as forças monárquicas não conseguiram aproveitar os contratempos republicanos e na manhã do dia 5 de outubro de 1910 foi proclamada a República, da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.