Bernardino Machado
Bernardino Machado foi Presidente da República por duas vezes: de outubro de 1915 a dezembro de 1917 e de dezembro de 1925 a maio de 1926. Duas revoluções conduziram à interrupção dos mandatos e ao exílio.
O testemunho de um neto, Manuel Machado Sá Marques, médico, deu conta das inúmeras vezes que Columbano Bordalo Pinheiro tentou retratar Bernardino Machado, contudo, sem sucesso. Os encontros traduziram-se em conversas animadas, subtilmente alimentadas por Bernardino Machado, desviando o pintor da sua missão.
Martinho da Fonseca viria a ser o autor do retrato a óleo. O secretário-geral da Presidência da República obteve autorização da então direção-geral da Contabilidade Pública, em abril de 1935, para dispor de uma verba de 30 mil escudos, não se mencionando qual o pintor.
Uma carta citada por Manuel Sá Marques, redigida pelo tio, o escritor Aquilino Ribeiro, para o sogro, Bernardino Machado, fornece mais informações que completam os contornos da encomenda, nomeadamente: o Governo, com o empenho de Oliveira Salazar, presidente do Conselho de Ministros, estava a organizar uma Galeria dos Retratos; foi o pintor Henrique Medina que fixou o preço de cada retrato, entre 30 mil e 35 mil escudos; Abel Manta manifestou o desejo de pintar Bernardino Machado; constar ao lado de Óscar Carmona, então na chefia do Estado, desagradava a Bernardino Machado; Salazar, influenciado pelo seu médico, Francisco Gentil, gostava que fosse Martinho da Fonseca o autor do retrato oficial, mencionando os graves problemas económicos que o artista vivia. E assim veio a ser. Martinho da Fonseca deslocou-se à Galiza, em 1935, onde Bernardino Machado se encontrava exilado, e aí realizou a obra.
A tela recria o ambiente do Palácio de Belém, sugerido na consola Império e no vaso de porcelana que servem de fundo ao Presidente da República, sentado na Cadeira dos Leões.